domingo, 16 de janeiro de 2011

Monalisa


Quem és tu, óh Monalisa?

Sorriso tristonho
Olhar penetrante
Cabelos morenos
Beleza instigante.

Verdades estranhas
Ser ou não ser?
Brilho opaco
Mistérios a entender.

Monalisa és o enigma
Que Leonardo não revelou
Sobrancelhas esquecidas
É o mistério que pairou.

Quem és tu, óh Monalisa?
És a Maria ou o João?
Como noite sem luar,
Ou como chuva de verão?

Olhar de gata traiçoeira
Acompanha todas as direções
Confunde, intriga e esconde
As inúmeras opiniões.

Obras de grande valor
Leonardo nos presenteou
Monalisa ainda é mistério
Para os seguidores que ele deixou.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

A Cartomante

Jovens com a cabeça cheia de sons, sonhos e ilusões, encontram-se em uma van que irá levá-los até a cidade de Santa Maria onde irão prestar o vestibular. Dentre eles, Vitor, Sofia e Daniel. Sofia e Vitor namoram a pouco tempo pois ela faz pouco que mora na cidade, quando seu pai veio transferido para um banco da cidade. Daniel é amigo desde a infância de Vitor. Estão aí reunidos por um mesmo objetivo: enfrentar um vestibular e passar. Daniel pretende fazer Direito, Sofia, Pedagogia e Daniel Zoologia. Vestibular feito.  Resultados positivos, todos aprovados.

            O tempo passa. O namoro continua. Os estudos continuam. A amizade entre Daniel e Sofia aumenta. Os três formam um triângulo de amizade de dar inveja. Sonhos, novas perspectivas.

          Após a formatura retornam a sua cidade. Daniel monta seu escritório de advocacia. Sofia aguarda concurso para o magistério e Daniel espera por um emprego que nem tem intenção de assumir.

        Já estabelecido, Vitor pede Sofia em casamento. Vão morar num bairro novo, classe média, casa de aluguel, pequena, mas bem confortável e agradável. E a felicidade deles parecia não ter fim. 

         O amigo Daniel era sempre bem vindo a casa deles. Vinha visitá-los assiduamente. Jantares, churrascos, jogos de pôquer. Tudo parecia seguir-se o curso normal. Mas os olhares quentes e furtivos entre Sofia e Daniel já não são controláveis. Este, por sinal, até pouco tempo desempregado. Até que sua mãe arruma-lhe um emprego na prefeitura através de favor político. Mesmo trabalhando, as suas visitas a casa dos amigos são cada vez mais constantes. Como são constantes as insinuações da bela Sofia a Daniel, que já não consegue disfarçar a atração que sente por ela. Aquele olhar, aquela boca bem feita, aquela pele morena não lhe saem do pensamento. A paixão entre eles era inevitável. Em pouco tempo encontravam-se às escondidas, apesar da culpa, do remorso por estarem traindo um ótimo marido e um fiel amigo.

            A grande estima e confiança que Vitor tinha por Daniel, não lhe permitiam que enxergasse a realidade, continuando sua vida normalmente e feliz. Estranhou um pouco quando as visitas do amigo começaram a rarear, mas Daniel logo justificou-se dizendo que andava tendo um caso com uma garota.  E nada mais é comentado.

        Sofia sentindo sua ausência, apesar de seus encontros, começa a sentir-se insegura e desconfiada do sentimento de Daniel . Lembra-se de uma cartomante a quem consultara antes do vestibular e decide ter com ela. Volta ao bairro onde morava a dita cartomante e a encontra morando na mesma casa. 


      -Sofia, seu cartomante sou eu, acredite, quero-lhe muito. Não tens porque te sentires insegura. E pergunta-lhe:

     - Mas afinal o que lhe falou a tal cartomante?

      Ela faceira lhe respondeu:

     - Confirmou-me que teu amor é verdadeiro e que Vitor não desconfia de nada.

     - Melhor assim – diz-lhe Daniel abraçando-a e beijando-a carinhosamente. 

      Neste entretempo, morre a mãe de Daniel. Seu sofrimento foi grande, pois era muito apegado a ela já que seu pai falecera quando  era pequeno. Recebeu todo apoio de seu amigo, muito prestativo, cuidou inclusive do funeral. 

     A vida continuava. Os encontros aconteciam. Os três pareciam felizes...

      Certo dia, Vitor chocado, lia e relia uma carta anônima que recebera, chamando-o de sonso, ingênuo ou imoral. Sofia ao saber do que se tratava, logo acalma-o dizendo-lhe:

        - Só pode ser alguém interessado em destruir nosso lar. Alguém que inveja nossa felicidade. Por boa intenção é que não foi.

        Vitor convencido pela mulher acalma-se e por um tempo e esquece o ocorrido. Entretanto, Daniel ficou com a pulga atrás da orelha... E se o tal anônimo decide dar detalhes da traição? Qual seria a reação do amigo? Quem seria este fofoqueiro? A situação era preocupante. Decide afastar-se por completo da casa dos amigos. Ao que Sofia foi contra, pensando que tal atitude poderia desencadear suspeita.

          Vitor, alguns dias mais começou a mudar seu comportamento, andava sério, sombrio, pensativo, inquieto. Parecia que de fato a desconfiança pesava-lhe no coração.

         Sofia atenta às atitudes do marido, decidiu que Daniel devia voltar a casa deles para assim deixá-lo mais tranquilo e evitar que desconfie dele. Daniel discorda. Pensa que seria como confirmar a suspeita.  Outrossim, decide que  devem afastar-se por um tempo e apenas se comunicariam por telefone e por e.mail. Essa cautela era necessária no momento. 

         Não levou nem três semanas e Vitor recebeu mais duas cartas anônimas. Desta vez, demonstrando despeito por não ter o amor de Sofia. E reafirmando a traição. Ao que ela revida com indignação. Reafirmando que não há nada de verdadeiro naquelas cartas. E o marido mais uma vez, conforma-se, cala-se. Daniel e a amante tranquilizam-se.

          Mas o sossego de Daniel dura pouco. No outro dia recebe, quando está no trabalho, um torpedo em seu celular: “Preciso falar-te.  Vem com urgência até minha casa.” O recado era de Vitor.  Daniel fica preocupado. O  que fazer? Por que tanta urgência? Será que este encontro tem a ver com as cartas? Ir ou não? Num átimo, veio-lhe a mente uma terrível cena: Vitor, transtornado, furioso, esperando-o com uma arma. Ele tanta falar-lhe algumas palavras, mas vê o amigo atirar na mulher e depois volta-se para ele e acerta-o... Estremece de pavor e tenta esquecer a cena horripilante que lhe veio à mente. Toma coragem. Decide ir ao encontro do amigo. Anda até a garagem. Pega seu carro e segue rumo ao bairro onde mora o casal. Pensa em ligar para Sofia a fim de saber alguma coisa. Mas desiste, pensando que talvez ele a estivesse vigiando. Seu nervosismo aumenta a cada metro que percorre. Pensa inclusive em pegar sua arma em casa e ir ao encontro prevenido, mas também desiste, apesar do temor que sentia. Segue com seu carro rodando devagar. Sua intuição lhe reafirma que algo de ruim está para lhe acontecer... Foi então que uma idéia maluca lhe surgiu: que tal visitar a tal cartomante antes de ir ao encontro de Vitor? Deu meia volta no carro e rumou para o bairro onde morava a cartomante. Quando percebeu já estava em frente a casa dela. Hesitou, relutou, mas desceu do carro e rápido para não ser visto por ninguém, entrou no portão de madeira e bateu na porta. Uma senhora de meia idade com um olhar estranho recebe-o e o conduz a uma saleta. Senta-se em frente a uma mesinha, faz-lhe sinal para sentar-se a sua frente, pega na gaveta umas cartas e pergunta-lhe:

           - O que o senhor deseja saber? Parece que está um tanto assustado...

         Ele intrigado com sua fala, confirmou-lhe que estava com medo. E ela observando-o, olha as cartas e continua:

         - E precisa saber se algo ruim vai lhe acontecer. Não é?

        - A mim e a ela, responde-lhe Daniel.

       A cartomante compenetrada e séria, embaralha novamente as cartas, tira três, observa-as e responde-lhe:

       - Nada de mal irá acontecer a vocês. O amor que os une os fará muito felizes no futuro.

      - A senhora nem calcula o quanto me deixou aliviado - desabafou Daniel.

      - Vá tranqüilo, jovem apaixonado...

Daniel pagou-lhe satisfeito e saiu da casa confiante. Pegou seu carro e seguiu em direção ao seu destino . Tudo agora lhe parecia diferente. Sentia-se bem e seguro. Os temores sumiram. Até estava com pressa de chegar a casa do amigo para saber qual era a novidade.

          Chegou. Entrou portão adentro. Notou que a casa estava toda fechada. Ia tocar a campainha, mas a porta abriu-se antes e surge Vitor que lhe faz sinal para entrar. Daniel tenta explicar-lhe a demora, mas estarrecido vê Sofia estirada sobre o tapete da sala, toda ensanguentada. Solta um grito de terror, percebe que o amigo aponta-lhe a arma e dispara contra ele.  É O FIM DE UM TRIÂGULO DE AMIGOS QUE SE TRANSFORMOU EM TRIÂNGULO AMOROSO.
  
  



  






quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

domingo, 5 de dezembro de 2010

Poesia: um bom cardápio...

O texto “Brincando com as palavras” fortalece nosso repensar constante no ato de educar. Nos apresenta a literatura infantil como importante aliada nessa tarefa. Os textos infantis são estruturados a partir do tempo e do espaço, são, na sua maioria, carregados de sentimento, de aventura, de fantasia, de sensações que levam o leitor a deleitar-se de acordo com sua imaginação, seus sonhos, sua criatividade, seu senso interpretativo, sua curiosidade, sua subjetividade. E as crianças são, por natureza, sensíveis, suscetíveis a sonhar, a entrar no mundo fantástico das palavras. Cabe a nós, pais, professores e bibliotecários, assumir o papel de mediadores desse processo, direcionando a busca de novas descobertas a respeito da vida e de si mesmo.

São múltiplas as formas que temos de trazer ao mundo infantil o contato com a leitura. Desde as carinhosas canções de ninar, as quadrinhas, as parlendas, os contos de fadas, adivinhas, trava-línguas, trovas, música e a poesia. Essa, infelizmente, pouco ou mal trabalhadas na família e na escola por não ser-lhe dada a devida importância.

A poesia por suas características, ao contrário do que se pensava, mexe com o lúdico e a sensibilidade infantil, mais ainda quando agregada à música. Portanto, “um bom cardápio poético” deve ser oferecido às crianças e constatar os efeitos positivos que proporcionam. Sem a preocupação de estudar conceitos teóricos, sem associá-las à conteúdos, mas simplesmente levá-los a embalar-se na sua sonoridade, entreter-se com o jogo de palavras e sonhar. Ao priorizarmos o literário, nossos pequenos leitores são conduzidos a entender seu interior, a realidade que os rodeia, a interagir com sua realidade, compreender seus medos, suas dúvidas, suas fantasias e o essencial – crescer- que é o nosso principal objetivo, especialmente nas séries iniciais. O seu amadurecimento psicológico facilitará seu amadurecimento intelectual. Ao usarmos a poesia em sala de aula, estaremos aproveitando a sensibilidade nata das crianças em benefício de sua melhor aprendizagem.

Cria-se uma nova concepção de leitor/ leitura, onde o poema também apresenta uma nova estratégia de ensino.